sábado, 26 de abril de 2014

Tártaro

Na mitologia grega, o Tártaro é personificado por um dos deuses primordiais, nascidos a partir do Caos. As relações de Tártaro com Gaia geraram as mais terríveis bestas da mitologia grega, entre elas o poderoso Tifão.
Da mesma forma que Gaia é a personificação da Terra e Urano a personificação do Céu, Tártaro é a personificação do Mundo Inferior. Nele são encantadas as cavernas mais profundas e os cantos mais obscuros do reino de Hades, o mundo dos mortos, para onde todos os inimigos do Olimpo são enviados e onde são castigados por seus crimes. Na Ilíada, de Homero, representa-se Tártaro como prisão subterrânea 'tão abaixo do Hades quanto a terra é do céu'. Ainda segundo a mitologia, nele são aprisionados somente os deuses inferiores, Cronos e outros titãs, enquanto que os seres humanos são lançados no submundo, chamado de Hades.
Enquanto, segundo a mitologia grega, o Submundo era o lugar para onde iam os mortos, o Tártaro tinha vários outros moradores. A mitologia diz que na época em que Cronos era o titã que governava o mundo, ele prendeu os Ciclopes no Tártaro. Zeus os teria libertado, para que o ajudassem na sua luta contra os titãs. Os titãs acabaram sendo derrotados pelos deuses do Olimpo, e foram aprisionados no Tártaro. Ainda segundo a mitologia, os titãs ficaram vigiados por enormes gigantes, cada um com 50 grandes cabeças e 100 fortes braços, chamados Hecatônquiros. Mais tarde, quando Zeus derrotou o monstro Tifão, filho de Tártaro com Gaia, também teria lançado neste mesmo poço d’água.

O Tártaro também é considerado o local onde o crime encontra seu castigo. Um bom exemplo é o de Sísifo, ladrão e assassino, condenado empurrar por toda a eternidade uma rocha ladeira acima, apenas para vê-la novamente descer com o próprio peso. No Tártaro também estava Íxion, o primeiro homem a derramar o sangue de um parente. Fez com que o seu sogro caísse num fosso cheio de carvões em brasa para assim evitar o pagamento do dote pela esposa. Seu castigo foi o de passar toda a eternidade girando uma roda em chamas. Tântalo, que desfrutava da confiança dos deuses, conversando e ceando com eles, dividiu a comida e os segredos divinos aos seus amigos. Sua punição pela traição foi ser mergulhado até o pescoço em água fria, que desaparecia sempre que tentava bebê-la para aplacar a enorme sede, além de ver logo acima de sua cabeça deliciosas uvas que, quando tentava colhê-las, subiam para fora de seu alcance.
Já para os romanos, o Tártaro é o lugar para onde são enviados os pecadores. Virgílio o descreve na Eneida como um lugar gigantesco, rodeado pelo rio de fogo Flegetonte, cercado por uma tripla muralha que impede a fuga dos pecadores. Nesta versão, o Tártaro é guardado por uma Hidra com 50 enormes faces negras, que se postavam diante dum portão rangente, protegido por colunas feitas de adamante (material supostamente indestrutível, similar ao diamante), tão duras que nada poderia cortá-las. No interior do Tártaro haveria um castelo com amplas muralhas e um alto torreão de ferro. Tisífone, a Fúria que representava a Vingança, é a vigia que jamais dorme no alto deste torreão, chicoteando os condenados.
No interior deste castelo haveria um poço que desceria até as profundezas da terra, no dobro da distância que há entre a terra dos mortais e o Olimpo. No fundo deste poço estriam os Titãs, os Aloídas, e muitos outros criminosos.
Gaia

Gaia, a deusa primordial, geradora de todos os deuses, a deusa-terra, um dos primeiros elementos que surgiu no despontar da criação, junto com o Ar, Mar e Céu.
Ela é a grande mãe: os deuses celestiais foram descendentes de sua união com Uranos (o Céu), os deuses marinhos de sua união com Pontos (o Mar), os Gigantes de sua união com Tártaros (o submundo) e as criaturas mortais foram crescendo ou nascendo de sua matéria terrena.

Segundo Hesíodo e sua Teogonia, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos e foi uma uma das primeiras habitantes do Olimpo.
Urano, o senhor do Céu, temia que seus filhos o destronassem, de forma que prendia-os no Tártaro. Revoltada com essa ação mesquinha e cruel do esposo, Gaia decidiu armar um dos filhos, Cronos, com uma foice.
No momento em que Urano fora unir-se à esposa, em um ciclo perene de criação, Cronos atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. O filho lançou às águas marinhas os testículos do pai. Ainda assim, algumas gotas do seu sangue recaíram sobre Gaia, que fertilizada, concebeu as divindades Erínias (as Fúrias).
Sem contar essas contribuições na criação dos deuses, a participação de Gaia nas diversas lendas se caracteriza, basicamente, pelas infalíveis profecias ou, então, pela enorme capacidade de gerar filhos, de aspecto divino (Urano, Ponto), humano (Erecteu) ou monstruoso (gigantes, Tífon).
Divindades muito antigas e numerosas, seguramente pré-helênicas, as ninfas eram ligadas à natureza e à terra e eram, portanto, uma extensão de Gaia.
Gaia era habitualmente representada em obras de arte, em geral, como uma senhora de aspecto maternal e preocupado, que emergia diretamente do solo.
Seu culto era bastante difundido, especialmente nas épocas mais recuadas da cultura grega; acabou, porém, suplantado pelos cultos dos deuses olímpicos. Havia altares para Gaia em Atenas, Esparta, Olímpia, Tegéia, Delfos e muitas outras pólis.
Urano


 De acordo com a mitologia grega, Urano seria o deus do céu e esposo de Gaia,deusa da terra. Da sua união teriam nascido os seis Titãs, os três Ciclopes, asseis Titânides e os três Hecatonquiros. Urano, Gaia e a sua descendência eram referidos como divindades primordiais, das quais derivariam as diversas famílias de deuses gregos. De acordo com determinadas tradições, Urano odiava os seus filhos e assim que estes nasciam escondia-os no seio da terra, na zona do Tártaro, condenando-os a viverem ali para sempre. Gaia, revoltada com estas ituação, teria incitado os filhos à punição do pai. Cronos, o mais jovem e líder dos Titãs, teria então tomado a seu cargo a missão e na noite seguinte, quando o céu se uniu à terra, cortou-lhe os testículos com uma foice e lançou-os ao mar. Outra tradição conta que Gaia, descontente com a sua união fecundidade forçada, teria pedido aos filhos que a protegessem de Urano. Todos teriam recusado, exceto o mais novo, Crono, que, tal como na primeira versão referida, teria planeado uma emboscada, mutilando o pai. Esta mutilação teriaocorrido no cabo de Drepano, cujo nome encontra raízes no grego, significandofoice. Por vezes, esta lenda é associada a Corfu, uma ilha na região dosFeaces, que seria a foice que Cronos lançara ao mar e  se enraizara. Outrastradições referem que a Sicília teria sido fecundada pelo sangue de Urano,residindo  o segredo da sua grande fertilidade. Segundo Diodoro Sículo, Uranoteria sido o primeiro rei dos Atlantes. Este povo justo e piedoso vivia nasmargens do Oceano e Urano tê-los-ia apresentado à civilização e à cultura.Enquanto astrónomo hábil, teria sido o responsável pela invenção do primeirocalendário, que se baseava no movimento dos astros, sendo também capaz deadivinhar acontecimentos futuros. No seu leito de morte, ter-lhe-iam sidoatribuídas honras divinas, que se teriam tornado progressivamente complexas,sendo por isso confundido e identificado com o próprio céu. Segundo estatradição, Urano seria pai de quarenta e cinco filhos, dezoito dos quais eramfruto da sua união com Tita (mais tarde identificada como Geia) e eramdenominados Titãs, por derivação do nome materno. As filhas de Urano teriamsido Basileia, mais tarde assimilada a Cíbele, e Reia, cognominada Pandora.Basileia, possuidora de uma grande beleza, teria sucedido o pai e casado comHiperíon, um dos irmãos, dando à luz Hélio (o Sol) e Selene (a Lua). Diodoroaponta também como descendentes de Urano Atlas e Crono, enquanto Platãorefere, na mesma condição, Oceano e Tétis. Urano e Gaia teriam sido osresponsáveis, de acordo com Hesíodo, por duas profecias de grande importânciana mitologia grega: a primeira teria advertido Crono que o seu reino terminariano dia em que um dos seus filhos o vencesse; a segunda profecia teria alertadoZeus relativamente ao filho gerado em Métis. Por vezes, Urano é referido comofilho Gaia, sendo apresentado em outros poemas como descendente de Éter oucomo filho de Hémera, a personificação feminina do Dia. De acordo com ateogania órfica, Urano e Gaia seriam filhos da Noite. A ausência de umagenealogia clara, relativa a Urano, explica-se pelo facto de não existirem lendasprecisas que sirvam como base para a mesma. A lenda que cerca a figura dodeus do Céu resulta, sobretudo, de interpretações simbólicas de cosmogoniaseruditas. Ainda que durante o período helenístico não tenha sido atribuído umpapel de grande importância a Urano, a sua figura foi cultuada por toda a Grécia Antiga, tendo sido referido, por Hesíodo, como senhor do Universo.